1 1) ARTE NA
ANTIGUIDADE (até 400):
Na Antiguidade, a
produção artística mais significativa para o Ocidente é a que se desenvolve na
Grécia do século V a.C. até o século V. É nesse período que se criam os padrões
estéticos que servem de base para a arte ocidental. A partir do século II a.C.,
a cultura romana também passa a ter uma produção artística relevante. Sabe-se
que ela está associada à magia, à religião, à guerra, ao trabalho, ao culto do
amor e às orgias. A partir do século I, liga-se ao cristianismo. A arte
desse período, chamado de Antiguidade Clássica, é ciclicamente retomada como
modelo.
2) Arte grega – No século VIII
a.C., influenciados pelos egípcios, os gregos iniciam um período de grandeza
estética que marca toda a civilização ocidental. A escultura é, ao lado da
arquitetura, a arte mais desenvolvida. Tem como tema principal a figura humana,
sempre tratada de forma idealizada. Há grande preocupação com a proporção das
formas e a representação dos movimentos. Em geral os artistas retratam os
deuses, os heróis e os atletas, personagens mais identificados com a perfeição
para os gregos. Um exemplo é Discóbolo (cerca de 450 a.C.), de Miron. As
estátuas são monumentais, feitas principalmente de mármore e bronze, e decoram
os templos e outros edifícios importantes.
3) Arte romana – Com a
decadência da arte clássica grega, a arte romana emerge a partir do século I
a.C . De inspiração etrusca e helenística, aproxima-se mais da realidade que a
arte desenvolvida na Grécia. A arquitetura é a atividade de maior destaque. Os
romanos celebram a grandeza do Império com a construção de monumentos e edifícios
públicos. Paralelamente, desenvolve-se a pintura mural decorativa em cidades
como Pompéia.
2 4) ARTE MEDIEVAL (400
a 1400):
Durante a Idade
Média, entre os séculos V e XV, a Igreja Católica exerce forte controle sobre a
produção científica e cultural. Essa ligação da cultura medieval com o
catolicismo faz com que os temas religiosos predominem nas artes plásticas,
literatura, música e teatro. Em todas as áreas, muitas obras são anônimas ou
coletivas. Criada para exaltar Deus e os santos católicos, a arte medieval
difere da representação idealizada da realidade, típica da Antiguidade
Clássica. As obras têm aspecto ornamental, com formas estilizadas. Predominam
temas bíblicos e a simetria é a base das composições. A arte mais desenvolvida
é a arquitetura, com a construção de inúmeras igrejas. Entre os séculos VIII e
X surgem novas atividades, como a iluminura (ilustração manual de livros), a
tapeçaria, a ourivesaria e os esmaltes. Com as invasões bárbaras, a arte
adquire certa descontração e colorido. No século XII, surge a arte gótica,
principal marco do período medieval. Sua origem é incerta, mas é na França que
assume suas características mais marcantes. Depois se espalha por toda a
Europa, vigorando até o século XVI. O termo gótico surge no Renascimento, com
conotação pejorativa: godo era sinônimo de bárbaro. Na pintura e na escultura,
usadas principalmente na decoração de templos, as figuras são esguias e
delicadas. O tamanho dos personagens depende de sua importância social ou
religiosa. Na transição para o Renascimento, a pintura incorpora o
naturalismo e noções de perspectiva, que depois caracterizam o classicismo. Um
dos exemplos são os murais sacros do italiano Giotto (1266-1337), considerado o
primeiro artista a assinar uma pintura.
5) CLASSICISMO (1300 a 1500):
Tendência artística que resgata
formas e valores greco-romanos da Antiguidade Clássica, especialmente da cultura
grega entre os séculos VI a.C. e IV a.C. Essa retomada acontece várias vezes ao
longo da história ocidental, inclusive na Idade Média. Entretanto é mais
intensa do século XIV ao XVI na Itália. No século XVIII, a tendência se repete
com o nome de neoclassicismo. O classicismo é profundamente influenciado pelos
ideais humanistas, que colocam o homem como centro do Universo. Reproduz o
mundo real, mas moldando-o segundo o que é considerado ideal. As obras refletem
princípios como harmonia, ordem, lógica, equilíbrio, simetria, objetividade e
refinamento . A razão é mais importante que a emoção. As adaptações
aos ideais e aos problemas dos novos tempos fazem com que o classicismo não
seja mera imitação da Antiguidade. Na época renascentista, por exemplo, a alta
burguesia italiana em ascensão, na disputa por luxo e poder com a nobreza,
identifica-se com os valores laicos da arte greco-romana. Um dos nomes
importantes nessa fase foram Leonardo da Vinci (1452-1519), que foi
matemático, escultor, arquiteto, físico, escritor, engenheiro, poeta, cientista
e pintor. Suas grandes obras foram inúmeras. Podemos citar O Homem Vitruviano,
em que demonstra as proporções do homem, a Monalisa e a Santa Ceia. Outro
grande nome foi Michelângelo (1475-1564) que, além de pintor, foi escultor,
poeta e arquiteto. Suas grandes obras foram as esculturas de Davi e La Pietá, e
os afrescos da capela sistina, com ênfase na Criação.
6) BARROCO (1600 a 1800):
Inicia-se na Itália e propaga-se pela Espanha,
Holanda, Bélgica e França. Na Europa, perdura até meados do século XVIII.
Atinge toda a América Latina do início do século XVII até o fim do século
XVIII. Em um período no qual a Igreja Católica tenta recuperar o espaço
perdido com a Reforma Protestante e os monarcas concedem-se poderes divinos, a
arte barroca busca conciliar a espiritualidade e a emoção da Idade Média com o
antropocentrismo e a racionalidade do Renascimento. Sua característica marcante
é, portanto, o contraste. A palavra barroco, originalmente "pérola
deformada", exprime de forma pejorativa a idéia de irregularidade. Suas
obras são rebuscadas, expressam exuberância e emoções extremas. Durante o
período, além da Igreja e dos governantes, a burguesia em ascensão patrocina os
artistas. A fase final do barroco é o rococó, estilo que surge na França no
século XVIII, durante o reinado de Luís XV. Caracteriza-se pelo excesso de
curvas e pela abundância de elementos decorativos, como conchas, laços, flores
e folhagens. A temática é inspirada nos hábitos da corte e na mitologia greco-romana.
As pinturas exibem contrastes de cores e jogos de luz e sombra. A cor é mais
valorizada do que a linha. As composições tendem a ser menos centralizadas e a
exibir figuras mais dinâmicas do que as renascentistas. Além dos temas
bíblicos, históricos e mitológicos, são freqüentes as naturezas-mortas, as
cenas cotidianas e os retratos da nobreza e da burguesia ascendente. Nos países
católicos, vários artistas decoram igrejas, onde é comum as pinturas dos tetos
darem a ilusão de abertura para o céu, com técnicas de perspectiva. Os
principais pintores são os italianos Caravaggio e Tintoretto, os espanhóis
Velázquez (1599-1660) e El Greco, os belgas Van Dyck (1599-1641) e Frans Hals
(1581?-1666), o alemão Rubens (1577-1640) e os holandeses Rembrandt e Vermeer
(1632-1675). Na escultura, as estátuas mostram figuras com rostos
contraídos pelo sofrimento ou pelo êxtase e silhuetas rebuscadas que se
contorcem em movimento extremo. Há exagero nos relevos, predomínio de linhas
curvas, drapeados nas roupas e grande uso do dourado.
7) NEOCLASSICISMO (1750 A 1840):
Consistia na recuperação das formas e
valores greco-romanos da Antiguidade Clássica desenvolvida na segunda metade do
século XVIII. Surgiu na Itália, Alemanha e França e se espalhou por outros
países europeus e pelos EUA, repercutindo também no Brasil. É a segunda vez na
história em que os artistas buscam inspiração nos padrões estéticos gregos e
romanos. Dos séculos XIV ao XVI, essa mesma tendência foi chamada de
classicismo, que representou uma reação à religiosidade e à subjetividade da
arte medieval. Já o neoclassicismo se opõe ao exagero emocional do barroco e a
sua ligação com a Monarquia absolutista. Baseia-se na visão científica de mundo
vigente em meados do século XVIII e nas idéias racionalistas do iluminismo e da
Revolução Francesa. A arte neoclássica busca inspiração no espírito de
equilíbrio e na simplicidade que são a base da criação na Antiguidade. Um
exemplo de pintura neoclássica é O Juramento dos Horácios, do francês
Jacques-Louis David (1748-1825). Outro pintor de destaque é Dominique Ingres
(1780-1867), de A Banhista. Entre os italianos, sobressai Tiepolo (1696-1770).
Na escultura domina o italiano Antonio Canova (1757-1822), que retrata
personagens contemporâneos como divindades mitológicas. Uma de suas grandes
obras é O Cupido e a Psique. Outro exemplo é a obra Pauline Borghese como
Vênus. No Brasil, a influência neoclássica está submetida ao romantismo. A
composição e o desenho seguem os padrões de sobriedade e equilíbrio, mas o colorido
reflete a dramaticidade romântica. Um exemplo é Flagelação de Cristo, de Vítor
Meirelles (1832-1903).
8) ROMANTISMO (1800 a 1880):
Manifestou-se nas artes do final do século
XVIII até o fim do século XIX. Nasce na Alemanha, na Inglaterra e na Itália, mas
é na França que ganha força e de lá se espalha pela Europa e pelas Américas.
Opõe-se ao racionalismo e ao rigor do neoclassicismo. Caracteriza-se por
defender a liberdade de criação e privilegiar a emoção. As obras valorizam o
individualismo, o sofrimento amoroso, a religiosidade cristã, a natureza, os
temas nacionais e o passado. A tendência é influenciada pela tese do filósofo
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) de que o homem nasce bom, mas a sociedade o
corrompe. Também está impregnada de ideais de liberdade da Revolução Francesa
(1789). Na Espanha, o principal expoente é Francisco de Goya (1746-1828). Na
França destaca-se Eugène Delacroix (1798-1863), com sua obra Dante e Virgílio.
Na Inglaterra, o interesse pelos fenômenos da natureza em reação à urbanização
e à Revolução Industrial é visto como um traço romântico de naturalistas como
John Constable (1776-1837). O romantismo na Alemanha produz obras de apelo
místico, como as paisagens de Caspar David Friedrich (1774-1840). No Brasil, os
artistas dedicam-se a pinturas históricas, que enaltecem o Império e o
nacionalismo oficial. Exemplos são as telas A Batalha de Guararapes, de
Victor Meirelles (1832-1903), e A Batalha do Avaí, de Pedro Américo. O
romantismo também influencia as obras dos pintores Araújo Porto Alegre
(1806-1879) e Rodolfo Amoêdo (1857-1941).
9) NATURALISMO (1850 a 1910):
Tendência das artes plásticas, da
literatura e do teatro surgida na França na segunda metade do século XIX.
Manifesta-se também em outros países europeus, nos Estados Unidos e no Brasil.
Baseia-se na filosofia de que só as leis da natureza são válidas para explicar
o mundo e de que o homem está sujeito a um inevitável condicionamento biológico
e social. As obras retratam a realidade de forma ainda mais objetiva e fiel do
que no realismo. Por isso, o naturalismo é considerado uma radicalização desse
movimento. Nas artes plásticas não tem o engajamento ideológico do realismo,
mas na literatura e no teatro mantém a preocupação com os problemas
sociais. Influenciados pelo positivismo e pela Teoria de Evolução das
Espécies, os naturalistas apresentam a realidade com rigor quase científico.
Objetividade, imparcialidade, materialismo e determinismo são as bases de sua
visão de mundo. Em 1880, o escritor Émile Zola (1840-1902) reúne os princípios
da tendência em seu livro de ensaios O Romance Experimenta. A pintura dedica-se
a retratar fielmente paisagens urbanas e suburbanas, nas quais os personagens
são pessoas comuns. O artista pinta o mundo como o vê, sem as idealizações e distorções
feitas pelo realismo para expor posições ideológicas. As obras competem com a
fotografia. Em meados do século XIX, o grande interesse por paisagens naturais
leva um grupo de artistas a se reunir em Barbizon, na França, para pintar ao ar
livre, uma inovação na época. Mais tarde essa prática será adotada pelo
impressionismo. Um dos principais artistas do grupo é Théodore Rousseau
(1812-1867), autor de Uma Alameda na Floresta de L'Isle-Adam. Outro nome
importante é Jean-Baptiste-Camille Corot (1796-1875). O francês Édouard Manet
(1832-1883) é um nome fundamental do período, fazendo a ponte do realismo e do
naturalismo para um novo tipo de pintura que levará ao impressionismo. Ele
retrata a realidade urbana sem muito da carga ideológica do realismo. Influencia
os impressionistas, assim como é por eles influenciado. Fora da França
destaca-se o inglês John Constable (1776-1837). No Brasil, está presente na
produção dos artistas paisagistas do chamado Grupo Grimm. Seu líder é o alemão
George Grimm (1846-1887), professor da Academia Imperial de Belas-Artes. Em
1884, ele rompe com a instituição, que segue as regras das academias de arte e
rejeita a prática de pintar a natureza ao ar livre, sem seguir modelos
europeus. Funda, então, o Grupo Grimm em Niterói (RJ). Entre seus alunos se
destaca Antonio Parreiras (1860-1945) . Outro naturalista importante é João
Batista da Costa (1865-1926), que tenta captar com objetividade a luz e as
cores da paisagem brasileira.
10) REALISMO (1850 A 1922):
O Realismo foi um movimento
artístico que se manifestou na segunda metade do século XIX e caracterizou-se
pela intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas
sociais. O Realismo vem competir com a fotografia, que nessa época começava a
se popularizar. O realismo representou uma reação ao subjetivismo do
romantismo. Sua radicalização rumo à objetividade sem conteúdo ideológico levou
ao naturalismo. Muitas vezes realismo e naturalismo se confundem. O engajamento
ideológico faz com que muitas vezes a forma e as situações descritas sejam
exageradas para reforçar a denúncia social. Entre os artistas brasileiros, tem
maior expressão o realismo burguês, nascido na França. Em vez de trabalhadores,
o que se vê nas telas é o cotidiano da burguesia. Dos seguidores dessa linha se
destacam Belmiro de Almeida (1858-1935), autor de Arrufos, que retrata a
discussão de um casal, e Almeida Júnior (1850-1899), autor de O Descanso do
Modelo. Mais tarde, Almeida Júnior aproxima-se de um realismo mais comprometido
com as classes populares, como em Caipira Picando Fumo. Entre os pintores
argentinos, cabe o destaque à magnífica pintura Sem Pão E Sem Trabalho de
Ernesto de La Carcova (1866-1927).
11) IMPRESSIONISMO (1870 a 1880):
Surgiu na França, no fim do século, e é tido como
o marco da arte moderna porque é o início do caminho rumo à abstração. Embora
mantenha temas do realismo, não se propõe a fazer denúncia social. Retrata
paisagens urbanas e suburbanas, como o naturalismo. A diferença está na
abordagem estética: os impressionistas parecem apreender o instante em que a
ação está acontecendo, criando novas maneiras de captar a luz e as cores. No
impressionismo, continua forte a influência da fotografia. A primeira
exposição pública impressionista é realizada em 1874, em Paris. Entre os
expositores está Claude Monet, autor de Impressão: o Nascer do Sol (1872), tela
que dá nome ao movimento. Outros expoentes são os franceses Édouard Manet
(1832-1883), Auguste Renoir (1841-1919) , Alfred Sisley (1839-1899), Edgar
Degas (1834-1917) e Camille Pissarro (1830-1903). Para inovar a forma de pintar
a luminosidade e as cores, os artistas dão enorme importância à luz natural.
Nos quadros são comuns cenas passadas à beira do rio Sena, em jardins, cafés,
teatros e festas. O que está pintado é um instante de algo em permanente
mutação. O escultor francês Auguste Rodin (1840-1917) foi um expoente em sua
arte, e entre suas grandes obras estão O Pensador, O Beijo e Torso. No Brasil,
há tendências impressionistas em algumas obras de Eliseu Visconti (1866-1944) ,
Georgina de Albuquerque (1885-1962) e Lucílio de Albuquerque (1877-1939). Uma
das telas de Visconti em que é evidente essa influência é Esperança (Carrinho
de Criança), de 1916. Características pós-impressionistas estão em obras de Eliseu
Visconti, João Timóteo da Costa (1879-1930) e nas primeiras telas de Anita
Malfatti, como O Farol (1915).
12) PÓS-IMPRESSIONISMO (1880 a
1890):
Período que sucedeu ao
impressionismo e durante o qual ocorreram as primeiras manifestações artísticas
que originaram as novas correntes de pintura do séc. XX, como, p. ex., o
expressionismo, o fovismo, o cubismo. Surgiu com a dispersão do grupo dos impressionistas,
quando alguns artistas tentam superar as propostas básicas do movimento,
desenvolvendo diferentes tendências, que foram agrupadas sob o nome de
pós-impressionismo. Nessa linha estão os franceses Paul Cézanne e Paul Gauguin
(1848-1903) que em suas telas abandona a perspectiva e delineia as figuras
utilizando contornos pretos. As cenas evocam temas religiosos e mágicos, como
em Crist
o Amarelo. O principal nome do movimento é o pintor holandês Vincent van Gogh
(1853-1890), criador de obras de pinceladas marcadas, cores fortes, e formas
contorcidas e dramáticas. Outros nomes são os franceses Georges Seurat
(1859-1891) e Paul Signac (1863-1935).
13) SIMBOLISMO (1886 a
1922):
O Simbolismo surgiu na França, no
final do século XIX, mas depois se espalhou pela Europa e chegando ao Brasil.
Caracterizou-se por subjetivismo, individualismo e misticismo. Como
característica, rejeitava a abordagem da realidade e a valorização do social
feitas pelo realismo e pelo naturalismo. Palavras e personagens possuem significados
simbólicos.
Para os simbolistas a arte deve ser
uma síntese entre a percepção dos sentidos e a reflexão intelectual.
Buscavam revelar o outro lado da mera aparência do real. Em muitas obras
enfatizam a pureza e a espiritualidade dos personagens. Em outras, a perversão
e a maldade do mundo. A atração pela ingenuidade faz com que vários artistas se
interessem pelo primitivismo. Destacam-se os franceses Gustave Moreau
(1826-1898) e Odilon Redon (1840-1916). A partir de 1890, o simbolismo difunde-se
por toda a Europa e pelo resto do mundo. Na Áustria ganha a interpretação
pessoal do pintor Gustav Klimt (1862-1918). O norueguês Edvard Munch concilia
os princípios simbolistas a uma expressão trágica que depois faz dele
representante do expressionismo. Na França destacam-se os pintores Maurice
Denis (1870-1943) e Paul Sérusier (1864-1927), além do escultor Aristide
Maillol (1861-1944). No Brasil, o movimento influencia parte das pinturas de
Eliseo Visconti e Lucílio de Albuquerque (1877-1939). É muito marcante nas
obras de caráter onírico de Alvim Correa (1876-1910) e Helios Seelinger
(1878-1965).
14) PRIMITIVISMO (1886 a 1966):
Foi um movimento de pintura
desenvolvida por artistas de origem popular, com pouca ou nenhuma formação
técnica, desvinculada de padrões acadêmicos e de preocupações estéticas ou
temáticas vanguardistas. Refere-se a telas consideradas ingênuas e exóticas. O
rótulo surge em 1886, na França, por iniciativa de artistas e intelectuais que,
interessados em renovar a arte erudita, enaltecem criações populares européias
e de outras civilizações. Em contraste com a formação erudita, chamam os outros
de "primitivos". No século XX, a mesma preocupação leva artistas
expressionistas e surrealistas a resgatar produções visuais de crianças e doentes
mentais. No Brasil, nos anos 30 e 40, artistas ligados ao modernismo
valorizam a produção de pintores populares. Cardosinho (1861-1947), português
residente no Rio de Janeiro, é incentivado por Candido Portinari. Sua tela
Palhaço, sem preocupação com as regras de proporção, exibe um palhaço com
cabeça enorme cercado de pessoas muito pequenas. Nos anos 40, os modernistas
descobrem artistas depois considerados símbolos da arte "primitiva"
no país: Djanira (1914-1979), José Antônio da Silva (1909-), Francisco da Silva
(1910-) e Heitor dos Prazeres (1898-1967). A crítica é atraída não apenas pela
liberdade no uso das cores e na composição dos planos, mas também pela
temática, ligada à cultura popular. Em sua tela Cafezal (1952), Djanira retrata
com cores vibrantes uma cena de trabalhadores numa plantação de café. Em uma
tela sem título de 1966, Francisco da Silva exibe animais fantásticos com cores
intensas. Waldomiro de Deus e Mestre Vitalino (Vitalino Pereira dos Santos,
1909-1963) também são considerados primitivos e suas obras têm estreita ligação
com o artesanato popular.
15) ART NOUVEAU (1890 a 1910):
Foi um movimento das
artes plásticas e da arquitetura que surge na Europa em torno de
1890. Preocupados em tornar mais agradáveis os objetos industrializados,
os artistas criam elementos decorativos a partir de formas animais e vegetais
estilizadas. Alguns exemplos são os desenhos florais usados em pés de ferro das
máquinas de costura, em papéis de parede, em grades de ferro fundido e em
ilustrações de livros. As peças artesanais únicas exibem os mesmos padrões. É o
período de vitrais, vasos, luminárias, jóias e móveis excêntricos e
requintados. Os edifícios art nouveau possuem linhas curvas, delicadas,
irregulares e assimétricas. Mosaicos e mistura de materiais caracterizam muitas
das obras arquitetônicas, como as de Antoní Gaudí (1852-1926), o expoente do
movimento na Espanha. Com cacos de vidro e ladrilhos, ele decora construções
como o Parque Güell e a Casa Milá, em Barcelona. A Igreja da Sagrada Família é
outro destaque de sua obra. Entre os símbolos do art nouveau francês estão
os vasos sinuosos de vidro de Émile Gallé (1864-1904), as jóias de pérolas e
esmalte de René Lalique (1860-1945), os cartazes de Toulouse-Lautrec
(1864-1901) e a ornamentação de entradas de algumas estações do metrô de Paris,
assinadas por Hector Guimard (1867-1934). Na Bélgica destaca-se o arquiteto
Victor Horta (1861-1947). Sua obra-prima, a Casa Tassel, em Bruxelas, é repleta
de trabalhos de ferro fundido. Nos EUA, o expoente é Louis Tiffany (1848-1933),
criador de vasos de inspiração mourisca e japonesa. Pela ousadia e riqueza,
essas peças destinam-se a uma elite. Por volta de 1910, com a necessidade de
padronização e simplificação imposta pela indústria, o movimento perde força em
todo o mundo. O art nouveau ganha um nome em cada país. Na Alemanha chama-se
jugendstil (estilo de juventude) e na Itália, stile liberty. No Brasil, foi
conhecido também como estilo floral, está presente em edifícios projetados pelo
francês Victor Dubugras (1868-1933?); nas construções do sueco Karl Ekman
(1866-1940), como a Vila Penteado, em São Paulo; e em gradis, portas e móveis
produzidos pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Um grande exemplo
no Rio de Janeiro é o interior da Confeitaria Colombo. Cerâmicas e cartazes do
pintor Eliseu Visconti (1866-1944) também têm inspiração art nouveau .
16) EXPRESSIONISMO (1890 a
1940):
Movimento artístico que se
caracteriza pela expressão de intensas emoções. As obras não têm preocupação
com o padrão de beleza tradicional e exibem enfoque pessimista da vida, marcado
por angústia, dor, inadequação do artista diante da realidade e, muitas vezes,
necessidade de denunciar problemas sociais. Iniciado no fim do século XIX
por artistas plásticos da Alemanha, alcança seu auge entre 1910 e 1920. Em
função da I Guerra Mundial e das limitações impostas pela língua alemã, tem
maior expressão entre os povos germânico, eslavo e nórdico. Na França, porém,
manifesta-se no fauvismo . Após o fim da guerra, influencia a arte em outras
partes do mundo. Muitos artistas estão ligados a grupos políticos de esquerda.
O principal precursor do movimento é o pintor holandês Vincent van Gogh ,
criador de obras de pinceladas marcadas, cores fortes, traços expressivos,
formas contorcidas e dramáticas. Em 1911, numa referência de um crítico à sua
obra, o movimento ganha o nome de expressionismo. As obras propõem uma ruptura
com as academias de arte e o impressionismo . É uma forma de
"recriar" o mundo em vez de apenas captá-lo ou moldá-lo segundo as
leis da arte tradicional. As principais características são distanciamento da
pintura acadêmica, ruptura com a ilusão de tridimensionalidade, resgate das
artes primitivas e uso arbitrário de cores fortes. Muitas obras possuem textura
áspera devido à grande quantidade de tinta nas telas. É comum o retrato de
seres humanos solitários e sofredores. Com a intenção de captar estados
mentais, vários quadros exibem personagens deformados, como o ser humano
desesperado sobre uma ponte que se vê em O Grito, do norueguês Edvard Munch
(1863-1944), um dos expoentes do movimento. O expressionismo vive seu auge a
partir da fundação de dois grupos alemães: o Die Brücke (A Ponte), em Dresden,
que faz sua primeira exposição em 1905 e dura até 1913; e o Der Blaue Reiter (O
Cavaleiro Azul), em Munique, ativo de 1911 a 1914. Os artistas do primeiro
grupo, como os alemães Ernst Kirchner (1880-1938) e Emil Nolde (1867-1956), são
mais agressivos e politizados. Com cores quentes, produzem cenas místicas e
paisagens de atmosfera pesada. Os do segundo grupo, entre eles o russo Vassíli
Kandínski (1866-1944), o alemão August Macke (1887-1914) e o suíço Paul Klee
(1879-1940) , voltam-se para a espiritualidade. Influenciados pelo cubismo e
futurismo, deixam as formas figurativas e caminham para a abstração. Na
América Latina, o expressionismo é principalmente uma via de protesto político.
No México, o destaque são os muralistas, como Diego Rivera (1886-1957). A
última grande manifestação de protesto expressionista é o painel Guernica, do
espanhol Pablo Picasso. Retrata o bombardeio da cidade basca de Guernica por
aviões alemães durante a Guerra Civil Espanhola. A obra mostra sua visão
particular da angústia do ataque, com a sobreposição de figuras, como um cavalo
morrendo, uma mulher presa em um edifício em chamas, uma mãe com uma criança
morta e uma lâmpada no plano central. Os filmes produzidos na Alemanha após a I
Guerra Mundial são sombrios e pessimistas, com cenários fantasmagóricos,
exagero na interpretação dos atores e nos contrastes de luz e sombra. A
realidade é distorcida para expressar conflitos interiores dos personagens. Um
exemplo é O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene (1881-1938), que marca o
surgimento do expressionismo no cinema alemão em 1919. Filmes como
Nosferatu, de Friedrich Murnau (1889-1931), e Metrópolis, de Fritz Lang
(1890-1976) , traduzem as angústias e as frustrações do país em plena crise
econômica e social. O nazismo, que domina a Alemanha a partir de 1933, acaba
com o cinema expressionista. Passam a ser produzidos apenas filmes de
propaganda política e de entretenimento. No Brasil, os artistas mais
importantes são Candido Portinari , que retrata o êxodo do Nordeste, Anita
Malfatti, Lasar Segall e o gravurista Osvaldo Goeldi (1895-1961).
17) MODERNISMO (1900 a 1950):
Movimento vanguardista, que rompe com padrões
rígidos e caminha para uma criação mais livre, surgida internacionalmente nas
artes plásticas, no início do século XX. É uma reação às escolas artísticas do
passado. Como resultado desenvolvem-se novos movimentos, entre eles o cubismo,
o dadaísmo, e o surrealismo. No Brasil, o termo identifica o movimento
desencadeado pela Semana de Arte Moderna de 1922. Em 13, 15 e 17 de fevereiro
daquele ano, conferências, recitais de música, declamações de poesia e
exposição de quadros, realizados no Teatro Municipal de São Paulo, apresentam
ao público as novas tendências das artes do país. Seus idealizadores rejeitam a
arte do século XIX e as influências estrangeiras do passado. Defendem a
assimilação das tendências estéticas internacionais para mesclá-las com a
cultura nacional, originando uma arte vinculada à realidade brasileira. A
partir da Semana de 22 surgem vários grupos e movimentos, radicalizando ou
opondo-se a seus princípios básicos. O escritor Oswald de Andrade e a
artista plástica Tarsila do Amaral lançam em 1925 o Manifesto da Poesia
Pau-Brasil, que enfatiza a necessidade de criar uma arte baseada nas
características do povo brasileiro, com absorção crítica da modernidade
européia. Em 1928 levam ao extremo essas idéias com o Manifesto Antropofágico,
que propõe "devorar" influências estrangeiras para impor o caráter
brasileiro à arte e à literatura. O principal veículo das idéias modernistas é
a revista Klaxon, lançada em maio de 1922. Uma das primeiras exposições de arte
moderna no Brasil é realizada em 1913 pelo pintor de origem lituana Lasar
Segall. Suas telas chocam, mas as reações são amenizadas pelo fato de o artista
ser estrangeiro. Em 1917, Anita Malfatti realiza a que é considerada de fato a
primeira mostra de arte moderna brasileira. Apresenta telas influenciadas pelo
cubismo , expressionismo, fauvismo e futurismo que causam escândalo, entre elas
A Mulher de Cabelos Verdes. Apesar de não ter exposto na Semana de 22,
Tarsila do Amaral torna-se fundamental para o movimento. Sua pintura é
baseada em cores puras e formas definidas. Frutas e plantas tropicais são estilizadas
geometricamente, numa certa relação com o cubismo. Um exemplo é Mamoeiro. A
partir dos anos 30, Tarsila interessa-se também pelo proletariado e pelas
questões sociais, que pinta com cores mais escuras e tristes, como em Os
Operários. Di Cavalcanti retrata a população brasileira, sobretudo as
classes sociais menos favorecidas. Mescla influências realistas, cubistas e
futuristas, como em Cinco Moças de Guaratinguetá. Outro artista modernista
dedicado a representar o homem do povo é Candido Portinari, que recebe
influência do expressionismo. Entre os muitos exemplos estão as telas Café e Os
Retirantes. Distantes da preocupação com a realidade brasileira, mas muito
identificados com a arte moderna e inspirados pelo dadaísmo, estão os pintores
Ismael Nery e Flávio de Carvalho (1899-1973). Merecem destaque ainda Regina
Graz (1897-1973), John Graz (1891-1980), Cícero Dias (1908-) e Vicente do Rego
Monteiro (1899-1970). O principal escultor modernista é Vitor Brecheret.
Suas obras são geometrizadas, têm formas sintéticas e poucos detalhes. Seu
trabalho mais conhecido é o Monumento às Bandeiras, no Parque Ibirapuera, em
São Paulo. Outros dois escultores importantes são Celso Antônio de Menezes
(1896-) e Bruno Giorgi (1905-1993). Na gravura, o modernismo brasileiro possui
dois expoentes. Um deles é Osvaldo Goeldi (1895-1961). Identificado com o
expressionismo, cria obras em que retrata a alienação e a solidão do homem
moderno. Lívio Abramo (1903-1992) desenvolve também um trabalho com carga
expressionista, porém engajado socialmente. A partir do final dos anos 20 e
início da década de 30 começam a se aproximar do modernismo artistas mais
preocupados com o aspecto plástico da pintura. Utilizam cores menos gritantes e
composição mais equilibrada. Entre eles destacam-se Alberto Guignard
(1896-1962), Alfredo Volpi, depois ligado à abstração, e Francisco Rebolo
(1903-1980). O modernismo enfraquece a partir dos anos 40, quando a
abstração chega com mais força ao país.
18) FAUVISMO (1905 A 1908):
Movimento
das artes plásticas caracterizado pela rejeição da perspectiva linear, pelo uso
arbitrário de cores puras e contrastantes e pelas formas simplificadas e pouco
semelhantes às da natureza. Começa oficialmente em 1905 com uma exposição de
jovens pintores em Paris. Eles são chamados de fauves (feras em francês) por um
crítico que considera suas obras muito agressivas. O rótulo, inicialmente
pejorativo, é adotado pelo grupo para nomear o movimento. Assim como no
expressionismo, o objetivo do fauvismo não é retratar fielmente a realidade. A
meta é causar impacto, exprimindo sensações e emoções. Por isso, além de
contrário à arte tradicional, é uma reação ao impressionismo . O fauvismo não
se caracteriza pela postura de esquerda de muitos dos expressionistas alemães.
Os fauvistas concentram-se nos problemas estéticos e abrem caminho para a
abstração. A inspiração para essa forma de pintar vem de Van Gogh ,
Gauguin (1848-1903) e Cézanne . O líder dos fauvistas é o francês Henri
Matisse (1869-1954). Influenciado pelas artes oriental e africana, pinta
naturezas-mortas, interiores e nus femininos. Uma de suas obras-primas é A
Alegria de Viver. Outros nomes importantes são André Derain (1880-1954) e
Georges Braque (1882-1963). A partir de 1908, o grupo se dispersa. Somente
Matisse se mantém fiel às bases do fauvismo. No Brasil não existiram
fauvistas no sentido mais exato do termo. Mas alguns pintores, como Anita
Malfatti, são influenciados por obras de Matisse e Braque.
19) CUBISMO (1907 a 1918):
Foi um movimento, sobretudo da pintura,
que a partir do início do século XX rompe com a perspectiva adotada pela arte
ocidental desde o Renascimento. De todos os movimentos deste século, é o que
tem influência mais ampla. Ao pintar, os artistas achatam os objetos, e
com isso eliminam a ilusão de tridimensionalidade. Mostram, porém, várias faces
da figura ao mesmo tempo. Retratam formas geométricas, como cubos e cilindros,
que fazem parte da estrutura de figuras humanas e de outros objetos que pintam
. Por isso o movimento ganha ironicamente o nome de cubismo. As cores em geral
se limitam a preto, cinza, marrom e ocre. O movimento surge em Paris em
1907 com a tela Les Demoiselles d'Avignon (As Senhoritas de Avignon), pintada
pelo espanhol Pablo Picasso. Também se destaca o trabalho do ex-fauvista
francês Georges Braque (1882-1963). Em ambos é nítida a influência da arte
africana. O cubismo é influenciado ainda pelo pós-impressionista francês Paul
Cézanne , que representa a natureza com formas semelhantes às
geométricas. Essa primeira fase, chamada de cézanniana ou protocubista,
termina em 1910. Começa então o cubismo propriamente dito, conhecido como
analítico, no qual a forma do objeto é submetida à superfície bidimensional da
tela. O resultado final aproxima-se da abstração. Na última etapa, de 1912 a
1914, o cubismo sintético ou de colagem constrói quadros com jornais, tecidos e
objetos, além de tinta. Os artistas procuram tornar as formas novamente
reconhecíveis. Em 1918 o arquiteto francês de origem suíça Le Corbusier e
o pintor francês Ozenfant (1886-1966) decretam o fim do movimento com a
publicação do manifesto Depois do Cubismo. O cubismo manifesta-se ainda na
arquitetura, especialmente na obra de Corbusier, e na escultura. No Brasil, o
cubismo só repercute no país após a Semana de Arte Moderna de 1922. Pintar como
os cubistas é considerado apenas um exercício técnico. Não há, portanto,
cubistas brasileiros, embora quase todos os modernistas sejam influenciados
pelo movimento. É o caso de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
20) ABSTRACIONISMO (1910 a
1960):
Foi um movimento desenvolvido no
início do século XX, na Alemanha. Surge a partir das experiências das
vanguardas européias, que recusam a herança renascentista das academias de
arte. As obras abandonam o compromisso de representar a realidade aparente e
não reproduzem figuras nem retratam temas. O que importa são as formas e cores
da composição. Na escultura, os artistas trabalham principalmente o volume e a
textura, explorando todas as possibilidades da tridimensionalidade do objeto.
Há dois tipos de abstração: a informal, que busca o lirismo privilegiando
as formas livres, e a geométrica, que segue uma técnica mais rigorosa e não tem
a intenção de expressar sentimentos ou idéias. No Brasil, a abstração
surge com maior ênfase em meados dos anos 50. O curso de gravação de Iberê
Camargo (1914-1994) forma uma geração de gravuristas abstratos, na qual
se destacam Antoni Babinski (1931-), Maria Bonomi (1935-) e Mário Gruber
(1927-). Outros impulsos vêm da fundação dos museus de Arte Moderna de São
Paulo (1948) e do Rio de Janeiro (1949) e da criação da Bienal Internacional de
São Paulo (1951). Entre os pioneiros da abstração no Brasil, destacam-se
Antônio Bandeira (1922-1967), Cícero Dias (1908-) e Sheila Branningan (1914-).
Posteriormente, artistas como Flávio Shiró (1928-), Manabu Mabe
(1924-1997), Yolanda Mohályi (1909-1978), Wega Nery (1912-), além de Iberê,
praticam a abstração informal. A abstração geométrica, que se manifesta no
concretismo e no neoconcretismo também nos anos 50, encontra praticantes em
Tomie Ohtake (1913-), Fayga Ostrower (1920-), Arcângelo Ianelli (1922-) e
Samson Flexor (1907-1971).
Abstração Informal: Os artistas
abandonam a perspectiva tradicional e criam as formas no ato da pintura,
utilizando-se de linhas e cores para exprimir emoções. Em geral, o que se vêem
são manchas e grafismos. O marco inicial da arte abstrata é Batalha, tela
pintada em 1910 por Vassily Kandinsky (1866-1944), russo que vivia na Alemanha.
Primeiro artista a definir sua arte como abstrata, ele leva o expressionismo
para essa nova tendência. Outro importante nome da abstração informal é o suíço
Paul Klee (1879-1940). Após a II Guerra Mundial (1939-1945), a
partir da abstração informal surgem outras tendências artísticas, como o
expressionismo abstrato nos EUA e a abstração gestual na Europa e na América
Latina.
Abstração geométrica: Ao criar
pinturas, gravuras e peças de arte gráfica, os artistas exploram com certo
rigor técnico as formas geométricas, sem a preocupação de transmitir idéias e
sentimentos. Os principais responsáveis pelo início da abstração geométrica são
o russo Malevitch (1878-1935) e o holandês Piet Mondrian (1872-1944). A partir
de 1915, ao criar quadros em que figuras geométricas flutuam num espaço sem perspectiva,
Malevitch inaugura um movimento derivado da abstração, chamado de suprematismo
(autonomia da forma). Um de seus marcos é a tela Quadrado Negro sobre Fundo
Branco. Mondrian, que no início da década de 10 estivera próximo dos
cubistas, entre os anos 20 e 40 dedica-se a pintar telas apenas com linhas
horizontais e verticais, ângulos retos e as três cores primárias (amarela, azul
e vermelha), além do preto e do branco. Para ele, essas formas seriam a
essência dos objetos. O trabalho de Mondrian influencia diretamente a arte
funcional desenvolvida pela Bauhaus. Da abstração geométrica derivam o
construtivismo, o concretismo e, mais recentemente, o minimalismo. Na
escultura, destaca-se o belga Georges Vantongerloo (1886-1965).
DADAÍSMO (1916 a 1925):
Foi um movimento intelectual e
artístico que se caracterizou por uma negação às convenções, à lógica, à razão
e às formas tradicionais de arte. Foi um movimento de espírito infantil, cujo
próprio nome "dada" significa cavalinho em francês, e remete ao
ludico e ao infantil. Suas principais características foram a extravagância e o
humor. Marcel Duchamp (1887-1968), pintor e escultor francês, foi o seu
grande destaque. Outros artistas do movimento foram o pintor alemão
Max Ernest (1891-1976), o fotógrafo e pintor norte-americano Man
Ray (1890-1976), o pintor e escritor francês Francis
Picabia (1879-1953).
SURREALISMO (1920 a 1969):
Foi um movimento artístico que surgiu
na França, nos anos 20, reunindo artistas anteriormente ligados ao dadaísmo.
Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud ,
enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. Defende que a arte deve
libertar-se das exigências da lógica e expressar o inconsciente e os sonhos,
livre do controle da razão e de preocupações estéticas ou morais. Rejeita os
valores burgueses, como a pátria e a família. O principal teórico e líder do
movimento é o poeta, escritor, crítico e psiquiatra francês André Breton, que
em 1924 publica o primeiro Manifesto Surrealista. A palavra surrealismo havia
sido criada em 1917 pelo poeta Guillaume Apollinaire (1880-1918) , ligado ao
cubismo, para identificar novas expressões artísticas. É adotada pelos
surrealistas por refletir a idéia de algo além do realismo. O início do
movimento se dá por volta de 1922. No manifesto e nos textos teóricos
posteriores, os surrealistas rejeitam a ditadura da razão e os valores
burgueses. Humor, sonho e a contralógica são os recursos a ser utilizados para
libertar o homem da existência utilitária. Em 1929, os surrealistas
publicam um segundo manifesto e editam a revista A Revolução Socialista. Entre
os artistas ligados ao grupo, em épocas variadas, estão os escritores franceses
Paul Éluard (1895-1952), Louis Aragon (1897-1982) e Jacques Prévert (1900-1977),
o escultor italiano Alberto Giacometti (1901-1960), o dramaturgo francês
Antonin Artaud , os pintores espanhóis Salvador Dalí e Juan Miró , o belga René
Magritte, o alemão Max Ernst, e o cineasta espanhol Luis Buñuel. Nos anos
30, o movimento internacionaliza-se e influencia várias outras tendências,
conquistando adeptos em países da Europa e nas Américas. Em 1969, após
sucessivas crises, o grupo dissolve-se. A pintura pode ser considerada a
principal manifestação artística do surrealismo. Rejeitada como meio de
representação do mundo concreto ou da emoção do artista, ela deve expressar o
inconsciente. O movimento divide-se em duas vertentes. Uma mantém o caráter
figurativo, mas produz formas inusitadas a partir da distorção ou justaposição
de imagens conhecidas. Um exemplo é A Persistência da Memória, de Dalí . Em um
espaço representado convencionalmente, relógios parecem estar se
derretendo. Os artistas da outra vertente radicalizam o automatismo
psíquico, para que o inconsciente se expresse livremente, sem controle da
razão. Entre os expoentes estão Miró e Ernst. As telas do primeiro
caracterizam-se por composições de formas coloridas construídas com linhas
fluidas e curvas, como em O Carnaval de Arlequim e A Cantora
Melancólica. Na escultura destaca-se o suíço Alberto Giacometti
(1901-1966), autor da peça de madeira, arame, fios e vidro O Palácio às Quatro
da Manhã. Os filmes não revelam preocupação com enredo ou história . As imagens
expressam desejos não racionalizados e aversão à ordem burguesa. Buñuel, em
parceria com Dalí, faz Um Cão Andaluz (1928) e L'Âge D'Or (1930). No
Brasil, o surrealismo é uma das muitas influências captadas pelo modernismo .
Nas artes plásticas há traços surrealistas em algumas obras de Tarsila do
Amaral, como na tela Abaporu , e Ismael Nery, cuja tela Nu mostra uma mulher
branca de um lado e negra do outro. No início da carreira, o pernambucano
Cícero Dias (1908-) pinta Eu Vi o Mundo, Ele Começava no Recife, obra que
apresenta todas as características surrealistas. Entre os escultores o
movimento influencia Maria Martins (1900-1973). Suas peças têm caráter
fantástico, como o bronze O Impossível, em que bustos humanos têm lanças no
lugar da cabeça.
ART DECO (1920 a 1940):
Foi um movimento das
artes plásticas e da arquitetura que surge na década de 20 e ganha força
nos anos 30 na Europa e nas Américas. Representa a adaptação pela sociedade de
massa dos princípios do cubismo, com a manutenção de elementos clássicos.
Edifícios, esculturas, jóias, luminárias e móveis são geometrizados. Sem abrir
mão do requinte, os objetos têm decoração moderna. Mesmo quando feitos com
bases simples, como concreto armado e compensado de madeira, ganham ornamentos
de bronze, mármore, prata, marfim e de outros materiais nobres. O
movimento deve seu nome à Exposição Internacional de Artes Decorativas e
Industriais Modernas, realizada em Paris, em 1925. Na mostra, obras de nus
femininos, animais e folhagens são apresentadas em cores discretas, traços
sintéticos, formas estilizadas ou geométricas. Muitas peças exibem marcas de
civilizações antigas. É o caso de uma escrivaninha de madeira laqueada, marfim
e metal que reproduz um templo asteca. Ao lado de objetos
industrializados, existem peças feitas artesanalmente em número limitado de
cópias. Ao contrário do design criado pela Bauhaus, no art déco não há
exigência de funcionalidade. O estilo pode ser visto como uma tentativa de
modernizar o art nouveau. O uso de materiais menos nobres – como os
primeiros plásticos, concreto armado, compensado de madeira e aço tubular – e o
início da produção em série contribuem para baixar o preço unitário das obras.
É o caso das luminárias de vidro com esculturas de bronze vendidas em grandes
lojas, criadas pelo francês René Lalique (1860-1945), um dos grandes expoentes do
movimento. Na arquitetura, as fachadas têm rigor geométrico e ritmo linear, com
fortes elementos decorativos em materiais nobres. Dois exemplos são o Empire
State e o Rockefeller Center, em Nova York. Durante a II Guerra Mundial o
art déco sai de moda, mas, no fim da década de 60, colecionadores do mundo todo
voltam a se interessar pelo estilo. A art déco chega ao Brasil em 1929, com a
construção do edifício A Noite, em Copacabana, na zona sul carioca. Alguns
exemplos do estilo são o Cristo Redentor e a Estação Central do Brasil, no Rio
de Janeiro; o Elevador Lacerda, em Salvador , e o viaduto do Chá, em São Paulo.
O movimento influencia ainda artistas como o escultor Victor Brecheret
(1894-1955), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), John Graz (1891-1980) e
Regina Graz (1897-1973). Uma obra de Brecheret fortemente marcada pelo art déco
é o Monumento às Bandeiras, em São Paulo.